Windir : Guerreiro
Falando nisso, fazer a necessária homenagem ao meu colega Arthur que talvez seja a única pessoa que eu conheça à qual alcunho "GUERREIRO" sem pestanejar.
Nunca achei que fossemos chegar ao centésimo post mas ele veio com a Discografia do Agalloch. Chegarmos ao post número duzentos é no mínimo surreal, pois bem uma banda no mínimo surreal então acompanha o post. Windir!
Hm, quando eu tinha 10 anos ouvi Iron Maiden, a música "The Wicker Man" do "Brave New World". Foi a primeira vez que gostei muito de música, e na minha "pré-adolescência"(expressão imbecil) Maiden foi minha banda preferida. No final da oitava série comecei a ouvir metal extremo mas se me perguntassem meus artistas preferidos falaria os 6 integrantes do Maiden. O tempo passou e "esqueci" o Iron Maiden. Fiquei 2007 inteiro sem a resposta para a pergunta:
Qual a sua banda preferida?
Dezembro de 2007 eu tinha uma resposta - Windir.
Hoje em dia eu não tenho banda preferida. Tenho bandas preferidas, as chamo de "Panteão", com quase tudo que postei(ou o Lemos) que tem 9,5 pra mais. Algumas ainda não foram postadas, serão no seu tempo.
Porque eu respondia na lata? - Windir! Sem hesitar.
Bem, talvez porque não conhecia algumas das bandas que conheço hoje, se não eu no mínimo hesitaria, mas prefiro acreditar que é uma simples questão de honestidade. Honestidade da música que esse(s) cara(s) faz(em).
Vamos à discografia, desculpem-me a enrolação e o depoimento pessoal, só queria deixar claro o quanto essa banda me afetou e ainda afeta.
Sogneriket - 1994 (demo)

O primeiro opus do Windir gravado no ano em que Terje "Valfar" Bakken completou 16 anos de idade pra mim é o minério bruto do talento que ele tinha. Naquela idade e naquela época ele, na primeira música do seu primeiro lançamento incluiu vocais limpos. Isto é uma das provas cabais do quanto que Windir é importante, e do quanto mesmo sem ser revolucionário foi sempre inovador e audacioso.
"Krigaren Si Gravferd" é principalmente um assombrado riff de guitarra ao som de ensandecidos berros e cântigos no mínimo estranhos(estranho é bom), sem contar o interlúdio de guitarra limpa e teclado, uma amostra dos feitos que ainda veríamos. Seguida por "Immortality" uma espécie de balada, honestamente é provavelmente a pior faixa da demo, que mesmo assim é um bom medidor da sensibilidade para vocais do Valfar, que ainda tinham muito a melhorar nessa época, principalmente no departamento do ritmo(a sensibilidade melódica porém, incólume).
Vem "Sogneriket e "Norrøn Seier" e o estilo melódico da guitarra começa a ficar óbvio, e esse é o maior legado dessa demo. A exploração do estilo de guitarra no black metal, em outras palavras um dos seletos lançamentos que saiam do tremolo e dos riffs "sujos" em 1994. Bom ressaltar: ambas faixas já apresentam um leve toque de genialidade. Principalmente "Sogneriket"(mesmo que Norrøn Seier tenha marcado minha vida completamente).
Interessante notar que me lembro de ter lido em algum lugar que "Dans På Stemmehaugen" foi ou a primeira ou a segunda música composta para o Windir de todas. Provavelmente a segunda faixa com menos brilho da gravação, pelo menos pra quem aguenta uma música quase toda de teclados que é a interessante "Fjell og Dalar". As duas "Soges" fecham otimamente a demo já partindo pra um lado bem exploratório do gênero.
Em resumo: A demo quase totalmente instrumental "Sogneriket" é o atestado de talento do Valfar, mesmo se não levarmos em conta a idade dele na época.
[9,0/10,0]
Det Gamle Riket - 1995 (demo)

Aqui as coisas começam a ficar sérias. O bicho pega mesmo. Principalmente na visceralmente genial primeira faixa. "Mørkrets Fyrste" que traduz para "Lord of Darkness" é uma das músicas mais marcantes que ouvi na vida, concorrente séria para a mais marcante (não necessariamente a melhor) - esquecer a melodia dessa música beira o impossível.
E quanto a demo é importante lembrar que ela é um embrião do primeiro álbum sendo "Krigaren Si Gravferd" a única das 5 faixas que não "fizeram o corte" pro "Sóknardalr"
Pois bem, depois de "Mørkrets Fyrste" que dispensa descrições pois deve ser ouvida na íntegra. Temos outro atestado do estilo de guitarra valfariano (aqui já bem mais estruturado) em "Sognarikets Herskarinne" que alterna guitarras limpas, tremolo e esse estilo. É a segunda faixa que alterna vocais limpos(a lenda diz que são da namorada dele na época) da demo com os aqui já mais desenvolvidos berros do Terje, isto mais tarde se tornaria um "trademark" do Windir.
Ater-me-ei(ui!) à ótima "Røvhaugane" quando descrever o "Sóknardalr".
Já a versão mais curta "Krigaren Si Gravferd" é interessante pela noção de estrutura muito menos confusa que apresenta comparada à sua versão mais longa, acho que é a maturidade batendo à porta do compositor.
"Krystalnatt" em "Det Gamle Riket" está estranhamente muito mal gravada mesmo que dê pra ouvir uma carcaça da posterior "I ei Krystalnatt".
[9,0/10,0]
PS: O problema dessa demo está muito mais que não há muito motivo para ouví-la se existem gravações melhores dessas músicas, o motivo sendo a versão mais suja(aumenta o drama da música) de "Mørkrets Fyrste" e a versão curta de "Krigaren Si Gravferd".
PS2: E o outro problema é a "Krystalnatt". De resto é Windir porra!
[Download das duas demos]
Sóknardalr - 1997

O primeiro álbum propriamente dito começa na mesma toada de "Det Gamle Riket", (todas essas músicas fazem parte do mesmo período criativo) "Sognariket Sine Krigarar" não deve ter decepcionado quem acompanhava de perto a banda na época do lançamento, a produção sobe alguns degraus e o vocal está um pouquinho mais sólido. De qualquer maneira o som "típico" do Windir ainda não estava completamente amadurecido, isso só viria no ano seguinte.
Os elementos ainda são relativamente os mesmos, as melodiosas guitarras tempesteando ao som dos estilos de vocais alternados. Sóknardalr é definitivamente o lançamento mais "folk"(no sentido típico que usamos a expressão folk metal) do Windir, não por isso é um álbum que se rende à felicidade típica do gênero. A melancolia lá no "fundo da cabeça" está presente em todas as músicas da banda, e aqui não é exceção(sendo que em algumas músicas essa melancolia toma conta completamente).
"Det Som Var Haukareid" vem e deixa a certeza de uma ótima experiência ao decorrer do álbum, novas texturas e a estrutura mais trabalhada demonstram o crescimento do músico nos dois anos que se passaram. Pessoalmente acho que a faixa brilha mais intesamente a partir interlúdio. Logo depois vem ELA. Com uma pequena alteração no nome a famigerada "Lord of Darkness" dá as caras, um pouco menos barulhenta devido a produção e com os vocais menos selvagens, ambas versões pilham, estupram e massacram a lhama cristã.
A abertura com os vocais quase "sem ar" de Sognariket Si Herskarinne continuam "Det Som Var Haukareid" e se esse álbum tem um mérito é usar relativamente a mesma ideia na maioria de suas faixas e não perder o fio da meada ao decorrer da coisa. Logo após a verdadeira e ridiculamente maravilhosa "I Ei Krystalnatt" muda um pouco o ritmo, bem pouco, mas o suficiente pra passar uma marcha no pêndulo da cabeça.
A partir daqui o álbum fica mais parecido com o estilo posterior do Windir.
"Røvhaugane" retorna e o que é bom dura pouco e só nos resta ficar com saudade. Não há Lady Gaga que tire o "Røvhaaaaaaaaugaaaaane" da minha cabeça, muito menos César Menotti & Fabiano. Isso provavelmente porque é x->infinito vezes melhor, mas foda-se. De riff maravilhoso a riff maravilhoso à épica "Likbør"(embrião do estilo dramático de "Saknet" e "Svartasmeden..."?) e ao fecho com a "outroduction" Sóknardalr repito: o que é bom dura pouco e só nos resta ficar com saudade. Sóknardalr é do caralho.
"Obrigado visitar Meu cantinho do inferno"